terça-feira, 27 de janeiro de 2009

583

Tinha de tudo para ser mais uma viagem monótona no 583 de volta para casa, o tempo estava fechado, o ônibus lotado, pessoas em pé sem espaço nem para se virar e eu sentada, como sempre ao lado do trocador.
Foi quando no final de Copacabana, um senhora pediu carona ao motorista. Todos nos sabemos que a pior coisa do mundo é pedir carona aos motoristas, acho que eles são os seres mais mal humorados da face da terra, mas com um largo sorriso o motorista deixou a senhora entrar e ainda saiu de sua cadeira para ajuda-la a embarcar.
[são nessas horas que a gente percebe que por mais falta de humanidade, cidadania, e educação do povo, ainda existe gente boa no mundo e em pequenos gestos de caridade estão sempre as melhores intenções.]
A senhora entrou vagarosamente no ônibus, uma mulher cedeu seu lugar lá na frente para que ela melhor se acomodasse, então, tudo pareceu mudar, a senhora de 84 anos estava, escondida da família, voltando a andar de ônibus e aquela era sua primeira viagem após ter fraturado a femour a 2 anos atrás.
Foi ali mesmo em Copacabana, na esquina da praia, que com um buraco na calçada a tal senhorinha fraturou o femour, já com 82 fez diversas cirurgias de risco, tendo em vista sua avançada idade, ficou fazendo fisioterapia, sem conseguir se locomover direito e com uma placa de ferro aparafusada em seu traseiro. Mesmo depois de todos os obstáculos ela conseguiu se levantar e voltar a ter sua vida normal, agora, precisando de uma bengalinha.
Por fim, chegou seu ponto e a senhorinha saltou do ônibus e ao descer as escadas os passageiros mobilizados com a história, aplaudiram a força e vontade de viver da senhorinha.

4 comentários:

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  2. Nossa, é xingo tanto aqui. Mas se percebermos ainda tem aqueles bondosos cidadãos, ou aqueles forjados, mas mesmo assim sedem os lugares em ônibus, metrô...
    É bom lembrar que ainda tem gente assim, não só moleques que querem levar tudo nosso.

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  3. Adoro essas pequenas coisas que acontecem, esses pequenos detalhes do cotidiano, que na verdade são coisas grandiosas,enfim, eu penso nisso todo tempo, talvez por isso tenha gostado do seu texto
    :)

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